IGREJA, CIDADANIA E ESTADO BRASILEIRO
Igreja e Responsabilidade Social
Comecemos nossa tarefa partindo dos profetas do primeiro testamento, com destaque ao profeta Amós. Este foi uns dos profetas defensores dos pobres, oprimidos e explorados. Para se chegar a um conhecimento apurado sobre os profetas em suas ações sociais estudamos o livro profetizmo em Israel de José Luis Sicre e não poucos títulos do Dr. Milton Schwantes o que nos dá uma certa segurança para escrever sobre responsabilidade social.
Contexto socioeconômico de Israel séc. VIII a VI a.C.
Em Israel antes dos exílios dos reinos do Norte e depois do Sul a situação social estava um verdadeiro caos. Os pobres explorados sem a menor piedade e a classe dominante se utilizavam dos meios mais cruéis e ilegítimo. O Rei e o Sacerdote (Estado e Religião) dando autenticidade a todos os malefícios realizados pelos ricos para beneficio próprio em detrimento dos pobres. Neste contexto social funesto entra a figura do profeta. O profeta era um homem espirituoso e de mãos limpas. Não defendia seus próprios interesses, mas sim a Justiça e a igualdade social. Amós ao chegar em seu ambiente de atuação se interou dos acontecimentos, juntou-se ao grupo de camponeses insatisfeitos com a exploração causada pelos altos impostos cobrados pela cidade e junto a este grupo fez suas palestras de conscientização e libertação da opressão ora estabelecida. Destas palestras nos chegaram alguns folhetos conservados no livro de Amós. (Porem para um conhecimento mais apurado do livro de Amós recomendamos a leitura do livro - A terra não pode suportar suas palavras -Amós (Edições Paulinas) (206 p. R$ 28,00 - milton.schwantes@metodista.br tel. (11) 5068.017). Fato é que com suas palestras o povo renovou o ânimo, recobrou o espírito de águia que estava adormecido e buscou a liberdade desejada.
Contexto socioeconômico de nosso país.
Em nosso contexto social Brasileiro a realidade é semelhante ao do Estado de Israel do século VIII a VI a.C. Portanto tanto lá como cá o povo pobre é vitimado pela exploração, menosprezo e salários miseráveis e para piorar governantes e a classe dominante culpabiliza os pobres por sua miséria. No episodio trágico do Morro do Urubu em janeiro de 2010 no Rio de Janeiro o prefeito veio a público para dizer que não tinha culpa do povo morar em área de risco, já o prefeito de Niterói disse não ter conhecimento de que a área tragicamente desastrada em naquela cidade era de risco. Quem é eleito para defender o povo simplesmente se esquiva da responsabilidade. Dentro da democracia o governante é chefe e o povo patrão, ou seja, a soberania é do povo e o chefe deve estar a serviço deste. Outro dia estávamos a ler um livro do Rubem Alves onde tinha uma passagem de uma pessoa moradora de favela que dizia não ter vergonha de morar na favela e que os governantes é quem tinha de ter vergonha de não oferecer lugar digno para o povo morar. As Empresas alegam que as pessoas não tem melhores salários porque tem preguiça de estudar e a classe dominante diz que o povo pobre é feio e burro e por isto não alcança melhores postos na Sociedade.
Diante desta situação funesta qual deve ser o papel fundamental da igreja brasileira?
Em nossa humilde opinião, temos que ter a mesma postura que tiveram os profetas no primeiro testamento, ou seja, a igreja brasileira deve denunciar toda sorte de injustiça social e conscientizar o povo de seus direitos e deveres para que estes adquiram sua libertação. Bem escreveu Paulo Freira: “A libertação começa pela mente”. Nosso povo brasileiro precisa despertar a águia adormecida e deixar para trás o espírito de galinha que se contenta com as migalhas. George Orwell escreveu em 1949: “Se o lazer e a segurança fossem por todos fluídos, a grande massa de seres humanos normalmente estupeficadas pela miséria aprenderia a pensar por si; e uma vez isso acontecesse, mais cedo ou mais tarde veria que não tinha função a minoria privilegiada e acabaria com ela de maneira permanente, uma sociedade hierárquica só é possível na base da pobreza e da ignorância” – Livro 1984.
Devemos abraçar as causas sociais com obras filantrópicas e que busquemos uma fé menos mística e mais responsável. Precisamos de uma espiritualidade mais sincera e voltada à atender os oprimidos, explorados e jogados pelo caminho. É necessário contribuirmos efetivamente na cura das mazelas de nossa sociedade que se encontra em situação flagelante. Então caminhemos juntos na construção de um mundo mais justo e vamos ao encontro do UTÓPICO.
Texto de Hailton de Andrade Torquato
29/06/2011 – 10h41